Ano de 2016 ainda será de desafios para a construção civil
Segunda-Feira, 18 de julho de 2016
5º Meeting da Construção reuniu cerca de 130 pessoas para debater o setor
A exemplo de inúmeros setores da economia, a construção civil não está alheia ao difícil momento econômico do país. Desemprego, juros altos e a insegurança geraram reflexos e redução na procura de imóveis não apenas em Bento Gonçalves, mas em todo o Brasil, é uma realidade. Esse delicado momento esteve em pauta na última sexta-feira, 15 de julho, durante o 5º Meeting da Construção, o principal evento no calendário da Ascon Vinhedos, que agrega mais de 80 empresas associadas entre Bento Gonçalves e região.
Cerca de 130 pessoas, entre empresários, demais profissionais do setor e imprensa, estiveram presentes no Dall´Onder Grande Hotel para acompanhar as palestras do presidente do Sinduscon-RS, Ricardo Sessegolo, e da superintendente executiva de Habitação da Caixa da Região Sul, Elódia Maria Osmarin Borba.
O presidente da Ascon Vinhedos, Andrey Arcari, agradeceu a presença de todos e ressaltou a importância da união do setor nesse difícil momento no sentido de se buscar alternativas não apenas para o crescimento do setor, mas do Brasil. “Como empresas precisamos nos replanejar, acreditar nos novos rumos da economia e termos a consciência de que o financiamento imobiliário é fundamental para nossos negócios”.
Com a temática, ‘Panorama da construção civil e perspectivas’, Sessegolo apresentou inicialmente o atual cenário macroeconômico em que apontou alguns fatores ainda desfavoráveis, como a queda da atividade econômica, inflação ainda relativamente alta, Selic de 14,25% a.a. ainda elevado, investimento público comprometido, mercado de trabalho sofrendo os impactos da crise econômica, crédito escasso e parâmetros mais rígidos para a concessão de financiamento. No entanto, ressaltou que o encaminhamento das primeiras medidas de contenção do gasto público são importantes e sinais iniciais de recuperação da confiança apesar de ainda estarem abaixo da linha da estabilidade. “Apesar do difícil momento o Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul está melhor em comparação ao do Brasil”.
Como perspectivas, o presidente do Sinduscon-RS, apontou um cenário macro ainda incerto. “Dependerá de desdobramentos políticos e da capacidade do governo de retomar o crescimento econômico e aprovar as reformas propostas. A situação do RS e dos demais estados pode melhorar com as medidas negociadas para aliviar a questão fiscal”, enfatizou.
Sessegolo revelou que a construção civil deve demorar ainda algum tempo para apresentar uma recuperação mais substancial e de acordo com ele, a esperança do setor está depositada no programa de concessões e nas parcerias público-privadas. “Nosso grande desafio é identificar produtos que ainda consigam chamar a atenção de investidores e compradores finais”. Ao final de sua apresentação, o presidente do Sinduscon-RS convidou a todos, em especial representantes de entidades do setor do RS, para que possam ir a Brasília, no dia 11 de agosto, para uma reunião com o presidente interino da República, Michel Temer. “Já entregamos antecipadamente uma pauta mínima do setor, mas iremos também para mostrar a força do setor”, concluiu.
‘Cenários e perspectivas no mercado imobiliário’ foi a abordagem da superintendente da Caixa. Elódia apresentou os resultados do primeiro semestre de 2016 em habitação, setor que representa 39,2% das receitas de créditos da Caixa. No entanto, há um grande desafio pela frente por parte da estatal, mais precisamente para o segundo semestre no sentido de ampliar o número de contratação de crédito imobiliário já que no primeiro semestre foi de apenas R$ 37,81 bilhões. “A meta financeira para o ano é de R$ 93 bilhões e atingi-la o valor médio de contratação diária do segundo semestre deverá ser 42,7% superior ao realizado no primeiro semestre”, enfatizou. Entre os pontos positivos apontados, foi que no mês de junho houve a reversão da inadimplência da habitação de R$ 2,039 bilhões.
Para melhorar os números do setor de habitação da Caixa, Elódia destacou que entre os desafios estão a ampliação das cotas do Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI) às do Sistema Financiamento de Habitação (SFH) de 70% para 80%, assim como as quotas do Interveniente Quitante de 50% para 70%. Além disso, outras medidas serão tomadas, como reabrir a alocação de recursos para o SFI, alterar o teto de financiamento, reposicionar o ponto de corte do financiamento pessoa física e promover ação de divulgação aos clientes-alvo por meio de SMS. “Precisamos agilizar o processo de contratação dos empreendimentos. Sem dúvida, será um grande desafio”, finalizou.
Fotos: Catiane Grassi